GÊNESIS 35: 5: “E, tendo eles partido, o terror de Deus invadiu as cidades que lhes eram circunvizinhas, e não perseguiram aos filhos de Jacó”.
Em tempo de coronavírus e de reestudo de Gênesis 34 e 35, esta semana a Bíblia nos reapresentou o Terror de Deus. “Não sinto prazer em filmes de terror”, lembrarão alguns. “Bastam os terrores causados pela própria pandemia”, dirão outros. Em 2020, convivemos com o “lockdown” e o medo de se pegar a doença, de se transmitir a doença para os pais e avós idosos, da morte, das sequelas, do desemprego causados pelo vírus e assim por diante.
Maior ainda foi o terror provocado pelos políticos, pelas políticas públicas, pelos telejornais, pelas mídias sociais, pela enxurrada de “fake news” que invadiu a mente humana. Os holofotes evidenciaram o medo de não ter vaga na UTI, de não ter respirador e oxigênio para todo mundo, a falta da vacina, a rapidez da fabricação da vacina, a falta de logística para a distribuição da vacina, os fura-filas da vacina, os efeitos colaterais da vacina, a recusa de se tomar a vacina, o que fazer com a xepa diária da vacina, se é ético ou não exigir passaporte vacinal para viagens ou eventos públicos. Isto foi motivo de debates, de repercussão, de indignação e, para muitos, geradores de muita ansiedade.
Com a população enclausurada pelo “lockdown”, os psicólogos descobriram outros vilões que multiplicaram as desordens emocionais dos seres humanos. A presença de estações de trabalho remoto e das salas de aula virtuais dentro de casa aumentaram os índices de depressão, de ansiedade generalizada, do uso abusivo de álcool e outras drogas, da violência doméstica, do aumento exponencial dos casos de divórcios e das tentativas exitosas de autoextermínio.
Enquanto isso, o terror secundário aos pecados humanos – roubos, assassinatos, infidelidade conjugal, desobediência aos pais – continuaram a proliferar. Tais terrores em sinergismo dão origem ao caos biopsicossocial.
Perceberam quantas fontes de sofrimentos emocionais para os seres humanos? O profeta Ezequiel realça um grupo de governantes do passado que “causaram terror na terra dos viventes” (Ezequiel 32: 23, 24, 25, 26). Empoderadas, tais autoridades usam (Ezequiel 32: 27 e 30) a máquina estatal para cercear a liberdade do povo em quase todas as esferas da vida. No século XXI, os que tocam o terror na terra dos viventes mudaram de nomes e de lugares, mas continuam a usar o poder e as mídias para causar pânico e terrorismo entre nós.
Convém ressaltar que não são apenas os chefes de estado que tocam o terror por aqui. Autoridades do primeiro e do segundo escalões e mesmo outras pessoas desprovidas de tanto poder e juízo podem infernizar a própria vida e a vida de terceiros. A esposa de Potifar forjou flagrante que deixou José num beco sem saída (Gênesis 39:7-20). Jezabel, esposa de Acabe, exterminou profetas (I Reis 18: 13) e “matou Nabal e, ainda por cima, tomou a sua herança” (I Reis 21: 18). Herodias decapitou João Batista (Mateus 14: 1-12). Saulo era o terror dos cristãos primitivos (Atos 8: 1-3; 22: 4 e 5; 26: 9-12). Pasur, Superintendente da Casa do Senhor, “mandou que o profeta fosse açoitado e preso no tronco” e, por isso, Jeremias o chama de “um terror por todos os lados para você mesmo e para todos os seus amigos”. (Jeremias 20: 3 e 4).
Chega de terrorismo humano! Isto não é novidade para ninguém. Fiquei surpreso, sim, ao ler o registro da seguinte confissão de Deus: “Porque também eu pus o meu espanto na terra dos viventes” (Ezequiel 32: 32).
Analisemos a chacina dos Siquemitas e as reações do medroso e insone Jacó ruminando a possibilidade dos cananeus e ferezeus causarem a destruição dele e de sua família (Gênesis 34: 30). Novamente, estamos diante do sofrimento emocional ou terror secundário ao pecado. Tudo por causa de Levi e Simeão. Racionalmente falando, aquele incidente diplomático levaria a união entre os cananeus que seria suficiente para exterminar Jacó e sua minúscula família. Jacó se apavorou. O sofrimento emocional deve ter alcançado níveis insuportáveis.
Jacó já experimentara algo parecido ao enfrentar a possibilidade de seu irmão Esaú vingar o passado. “Então, Jacó teve medo e se perturbou” (Gênesis 32: 7). De novo, trata-se da consequência de pecados passados. Isto é o terror natural secundário ao pecado. Outra vez, nada de divino ou sobrenatural perturbou a paz mental de Jacó; a angústia, o medo, o pavor e outras perturbações emocionais surgiram porque nenhum pecador aprecia encarar as consequências de seus erros.
Já nas circunvizinhanças de Siquém, os Cananeus e Ferezeus provaram uma pitadinha do verdadeiro terror de Deus: “o terror de Deus invadiu as cidades que lhes eram circunvizinhas”. Eles tinham tudo para massacrar aquele punhado de Israelitas (menos de setenta almas – Gênesis 46: 26 e 27); no entanto, a lógica e a razão deles foram embotadas. Foram paralisados de modo sobrenatural pelo terror de Deus “e não perseguiram aos filhos de Jacó” (Gênesis 35: 5).
Quem tocou o terror em Siquém? Levi e Simeão (Gênesis 34: 25), filhos de Jacó. Os Siquemitas morreram, vítimas do terror causado por homens com sede de vingança. Daí em diante, surgiu um intenso sofrimento emocional entre os cananeus e ferezeus porque foram imobilizados pelo terror de Deus. A razão deles foi suprimida. A proatividade desapareceu. Não partiram para cima dos inimigos como haviam planejado. Não revidaram. Não pagaram com a mesma moeda. Se fosse nos dias de hoje, essa sede de vingança pelo massacre de Siquém não seria aliviada antes de uma caçada aos dois “serial killers” – Levi e Simeão – e de se fazer justiça com as próprias mãos.
Finalmente, “Quando os teus juízos reinam na terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Isaías 26:9). Se eu fiz a leitura correta do texto acima, durante o dilúvio, durante a destruição de Sodoma e Gomorra, durante a libertação de Israel do Egito, durante a pandemia de coronavírus, Deus escancarou publicamente, ainda que de modo transitório e miniaturizado, algumas atribuições de seu cargo como administrador do planeta terra. Tais estranhos atos de Deus nos mostram quem, de fato e de verdade, comanda a economia e a saúde do mundo, uma outra forma de dizer “baixem a bola, crentes e incrédulos soberbos”!
ADENDO: Para quem deseja ampliar o conhecimento sobre o terror de Deus experimentado por outros seres humanos, leia os seguintes textos: Salmos 105: 37 e 38; Êxodo 23:27; Deuteronômio 2: 25; Deuteronômio 7: 23; Deuteronômio 11: 25; Josué 2: 8-11; Josué 5: 1; I Samuel 14: 13 -23; II Reis 7: 6, 7, 10 e 15; I Crônicas 14: 14; II Crônicas 15: 5 e 6; II Crônicas 20: 22-24; II Crônicas 20: 29 e 30 – versão da Bíblia utilizada: Almeida Revista e Atualizada.
João Ferreira Marques [WhatsApp: (61) 992384691].