“Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.” Efésios 6:3
Era um dia de sábado muito especial. Último sábado do trimestre, a criança que recitasse todos os versos áureos da lição da escola sabatina ganharia uma bíblia ilustrada. Eu acordei muito cedo, repassei tudo com minha vó, estava preparado. Que manhã gloriosa e empolgante, ganhei a bíblia, isso mesmo, consegui falar todos os versos lá na plataforma. Celebrava os louros da vitória com a congregação, inclusive fui convidado a despedir a igreja ao lado do pregador daquele sábado.
Voltamos para casa e eu não conseguia parar de comemorar. Foi o assunto do almoço. Lembro da minha vó sentada na cabeceira da mesa, deu graças pelo alimento e ainda mencionou minha vitória na oração. Fui servido primeiro! Terminamos o almoço e minha vozinha orientou aos netos (todos de férias), a dormir um pouco, descansar, porque mais tarde tinha culto jovem. Avisou claramente: – Não subam no pé de goiaba, hoje é sábado, vamos descansar. Como todo bom menino, peralta e serelepe, esperei minha vó dormir primeiro. Lá estava eu no topo da árvore, saboreando a Psidium guajava (nome científico da goiaba). Tudo ia bem, até ouvir a voz da minha vó. Só me restaram duas escolhas para sair daquela situação: Morar no pé até os dias de hoje ou descer e enfrentar a pedagogia da distinta chefe das diaconisas. – Itinha, desça daí, venha conversar com a vovó. Ela me chamou pelo apelido carinhoso, talvez nem fosse me castigar. Iludido eu. – A vovó falou para não subir no pé, mesmo assim você subiu. Agora vá até lá e pegue um galho, pouco maior que a mão da vovó, tire as folhas, e ponha de molho na jarra de suco da tupperware, após o pôr do sol, nós vamos conversar.
A essa altura você deve imaginar como meu dia mudou. Só me restava a espera angustiante do juízo final. Foi o culto jovem mais rápido da minha vida. O tempo passou voando. Chegamos em casa e por alguns instantes eu achei que minha vó tinha esquecido. – Itinha, pegue a jarra com o cipó. Vamos conversar. O fôlego de vida foi e voltou nessa hora. Caro leitor, espero que assim como eu, você tenha se teletransportado na imaginação para estas cenas descritas.
Nossa relação com Deus é bem parecida, nos arriscamos o tempo todo subindo nas árvores da vida, nos expondo a situações de perigo em total desobediência e rebeldia para com o Senhor. Tudo para satisfazer nossos desejos, comer as goiabas saborosas da vida. Este episódio marcou minha infância, eu não cheguei a apanhar de cipó (não nesse dia), mas eu tive que sofrer a tarde toda na expectativa do castigo. Eu até ajudei a prepará-lo. “As misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã.” Eu e você temos um Deus amoroso que nos deixou orientações claras, limites estabelecidos, manual de instruções, antídoto para a morte eterna. Este castigo não é para mim e você, porque Jesus já pagou essa conta. Diferentemente da situação com minha vó, a cipoada vai acontecer para aqueles que não entenderem o conselho de Deus para nossas vidas. Meu desejo é que consigamos obedecer a vontade do Senhor, apesar da angústia do castigo vindouro, Ele está disposto a nos perdoar e no momento certo, poderemos subir na árvore da vida, com as devidas permissões do Criador.
Itamar Azevedo