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boletins:devocional06082022

Compromisso Radical

Ao falar sobre os impiedosos, assim se expressa o salmista: “Pois dizem: Com a língua prevaleceremos, os lábios são nossos; quem é senhor sobre nós” (Salmos 12: 4)?

Ao falar sobre os israelitas que apreciavam andar pelos caminhos dos ímpios, o Senhor disse assim: “Assim diz o Senhor sobre este povo: Gostam de andar errantes e não detêm os pés; por isso, o Senhor não se agrada deles, mas se lembrará da maldade deles e lhes punirá o pecado” (Jeremias 14: 10).

Essa é a tendência natural do ser humano sem compromisso com Deus e de muitos crentes que vivem pelos sentimentos. Dizem eles:

  • Item de lista não ordenadaA língua é minha e experimento o que quiser com ela, canto qualquer música, falo quaisquer palavrões e assim por diante.
  • Item de lista não ordenadaDa minha vida cuido eu! Os pés são meus e vou aonde eu quiser, seja no cinema, seja no estádio ou em quaisquer outros lugares.
  • Item de lista não ordenadaAs mãos são minhas e ninguém tem o direito de dizer o que elas vão fazer e apalpar.
  • Item de lista não ordenadaMeus olhos seguem as minhas regras e vejo quaisquer filmes, espetáculos e shows sem prestar contas a ninguém.
  • Item de lista não ordenadaMeus ouvidos não precisam da tutela de pastores e eu me tornei um voraz consumidor quaisquer tipos de músicas, de piadas e assim por diante.

Cristo já tratou nossa doença na cruz do calvário, onde morreu por nós. Para os sintomas da rebelião de um crente carnal, porém, o tratamento prescrito é radical: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno” (Mateus 5: 29 e 30).

“Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo” (Mateus 18: 8 e 9).

Paulo diz a mesma coisa noutras palavras: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena” (Colossenses 3: 5).

E, por último, a explicação de John Stott: “Isto nos leva aos versículos 29 e 30: ‘Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti…, E se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti…’ Evidentemente esse era um ditado de que Jesus gostava, pois ele o citou mais de uma vez. Ele torna a citá-lo mais tarde neste mesmo Evangelho onde acrescenta o pé, o olho e a mão, e a referência é generalizada às “tentações”, não explicitamente à tentação sexual. Portanto, o princípio tem uma aplicação mais ampla. Não obstante, foi neste setor específico que Jesus o aplicou no Sermão do Monte. O que ele quis dizer com isto?

“Superficialmente parece um mandamento assustador: arrancar um olho transgressor, cortar uma mão ou um pé infrator. Alguns cristãos, cujo zelo excedia grandemente a sua sabedoria, tomaram as palavras de Jesus ao pé da letra e se mutilaram. Talvez o mais conhecido exemplo seja o do mestre Orígenes de Alexandria, do terceiro século. Ele foi aos extremos do ascetismo, renunciando propriedades, alimento e até mesmo sono e, numa interpretação supra literal desta passagem e de Mateus 19:12, tornou-se realmente um eunuco. Algum tempo depois, em 325 d.C., o Concilio de Nicéia acertadamente proibiu esta prática bárbara.

A ordem de desfazer-se dos olhos, das mãos e dos pés que causam problemas é um exemplo do uso dramático que o nosso Senhor fazia das figuras de linguagem. O que ele pretendia não era uma automutilação literal física, mas uma abnegação moral sem concessões. Não mutilação, mas mortificação, é o caminho da santidade que ele ensinou; e “mortificação” ou “tomar a cruz” para seguir a Cristo significa rejeitar as práticas do pecado com tal resolução que ou morremos para elas ou as condenamos à morte.

O que isto envolve, na prática? Vou explanar e interpretar o ensinamento de Jesus assim: “Se o seu olho o faz pecar porque a tentação o assola através dos seus olhos (os objetos que você vê), então arranque os seus olhos. Isto é, não olhe! Comporte-se como se você realmente tivesse arrancado os seus olhos e os tivesse jogado fora, e estivesse agora cego e sem poder ver os objetos que anteriormente o levavam a pecar. Repito, se a sua mão ou o seu pé o fazem pecar, porque a tentação o assola através de suas mãos (coisas que você faz) ou de seus pés (lugares que você visita), então corte-os fora. Isto é: não faça! Não vá! Comporte-se como se na realidade você tivesse cortado e jogado fora seus pés e suas mãos, e estivesse agora aleijado e sem poder fazer as coisas ou visitar os lugares que anteriormente o levavam a pecar.” Este é o significado de “mortificação”.

Ficamos imaginando se já houve uma geração na qual este ensinamento de Jesus foi mais necessário ou mais obviamente aplicável do que na nossa, quando o rio de obscenidades (literatura pornográfica e filmes sobre sexo) está transbordando e inundando. A pornografia ofende os cristãos (e, dizendo a verdade, a qualquer pessoa de mente sadia) em primeiro lugar e principalmente porque rebaixa a mulher da sua condição de ser humano para a de objeto sexual, mas também porque oferece ao espectador um estímulo sexual que não é natural. Se temos um problema de falta de controle sexual e se, apesar disso, nossos pés nos levam a ver tais filmes, nossas mãos manejam tal literatura e nossos olhos deleitam-se com as figuras que nos oferecem, não só estamos pecando, como também abrindo as portas à tragédia.

Ao dizer estas palavras, longe de mim desejar estabelecer leis ou criar regras humanas sobre que livros ou revistas o cristão pode ler, a que peças de teatro ou a quais filmes pode assistir (ao vivo ou na TV), ou que exposições de arte pode visitar. Pois nós temos de reconhecer que todos os homens e mulheres foram criados diferentes. O desejo sexual é mais facilmente despertado em alguns do que em outros, e coisas diferentes o estimulam. A autodisciplina sexual e o autocontrole é mais fácil para uns do que para outros. Alguns podem olhar abertamente para quadros sexuais (em revistas ou filmes) e permanecer totalmente ilesos, enquanto outros os acham terrivelmente corruptores. Nossos temperamentos variam e, consequentemente, também as nossas tentações. Por isso, não temos o direito de julgar os outros sobre o que sentem que podem permitir-se.

O que temos liberdade de dizer é apenas isto (pois é o que Jesus disse): se o seu olhar o faz pecar, não olhe; se o seu pé o faz pecar, não vá; e se a sua mão o faz pecar, não faça. A regra que Jesus estabeleceu é hipotética, não universal. Não exigiu que todos os seus discípulos (metaforicamente falando) arrancassem os olhos ou se mutilassem, mas só aqueles cujos olhos, mãos e pés eram a causa do pecado. São eles que devem agir; outros podem manter os dois olhos, ambas as mãos e ambos os pés, impunemente. É claro que até estes devem refrear-se de certas liberdades por causa do amor por aqueles que têm a consciência ou a vontade mais fraca; mas este é um outro princípio de que não se trata aqui.

O que se torna necessário a todos aqueles que têm forte tentação sexual e, na verdade, a todos nós, em princípio, é a disciplina na vigilância contra o pecado. A colocação de sentinelas é ponto de dei comum nas táticas militares; colocar sentinelas morais é igual mente indispensável. Será que somos tão tolos a ponto de deixarmos que o inimigo nos domine, simplesmente porque não colocamos sentinelas para nos advertir de sua aproximação? Obedecer a este mandamento de Jesus envolverá, para muitos de nós, um certo “mutilamento”. Teremos de eliminar de nossas vidas determinadas coisas que (embora algumas possam ser inocentes em si mesmas) são, ou poderiam facilmente tornar-se, fontes de tentação. Em sua própria linguagem metafórica, podemos tornar-nos sem olhos, sem mãos ou sem pés. Isto é, deliberadamente declinaremos da leitura de determinada literatura, de assistir a certos filmes, e visitar certas exposições. Se o fizermos, seremos considerados por alguns dos nossos contemporâneos como pessoas de mentalidade estreita, como bárbaros filisteus. “O quê?”, eles dirão com incredulidade, “Você não leu esse livro? Não viu aquele filme? Você está por fora, cara!” Talvez estejam certos. Talvez tenhamos de nos tornar culturalmente “mutilados” a fim de preservar a nossa pureza de mente. A única pergunta que permanece é se, por amor a tal proveito, estamos prontos a suportar essa perda e esse ridículo.

Jesus foi bastante claro sobre isso. É melhor perder um membro e entrar na vida mutilado, disse ele, do que conservar todo o nosso corpo e ir para o inferno. É o mesmo que dizer: é melhor perder algumas das experiências que esta vida oferece, a fim de entrar na vida que é vida realmente; é melhor aceitar alguma amputação cultural neste mundo do que arriscar-se à destruição no outro. É claro que este ensinamento vai totalmente contra os padrões modernos da permissividade. Baseia-se no princípio de que a eternidade é mais importante do que o tempo, que a pureza é mais do que a cultura, e que qualquer sacrifício é válido nesta vida se for necessário para assegurar a entrada na outra. Temos simplesmente de decidir se queremos viver para este mundo ou para o outro, se queremos seguir a multidão ou a Jesus Cristo”. A MENSAGEM DO SERMÃO DO MONTE, ABU EDITORA S/C, PÁGINAS 84-87.

João Marques

boletins/devocional06082022.txt · Última modificação: 2022/08/05 08:27 por itazedo@gmail.com

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