“Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si.” Gênesis 5:24.

Como entender o fato de que um evento de tal envergadura, o próprio Deus tomando para Si um filho seu, seja narrado no livro sagrado em tão poucas e simples palavras como se fosse algo corriqueiro? Apesar da menção quase fortuita, o texto citado fala altissonantemente sobre o caráter de Enoque, e muito mais sobre o caráter do Deus de Enoque.

Ao comentar o destino de Enoque, Ambrósio (bispo de Milão entre 333 a 397 d.C.), afirma que a trasladação de Enoque indica a todos os cristãos que o céu é o destino dos santos de Deus¹. Deste modo, Enoque se torna o maior monumento, revelando a todo o mundo, o que o amor causa na vida daqueles que andam com Deus.

A história é, no mínimo, revolucionária: primeiro o autor elabora uma listagem dos descendentes de Adão (Gên. 51-22), usando a fórmula: nasceu, viveu tantos anos, gerou filhos, e morreu. Mas o ciclo se estilhaça quando de Enoque é dito que ele teria andado com Deus, estreitando a tal ponto os laços de intimidade e amor, que Deus o tomou para si.

Enoque viveu em dias difíceis, assim como hoje, nós não vivemos em dias nada fáceis. White menciona que ele teria vivido em dias de deterioração moral, ou seja, o ambiente não favorecia nenhuma comunhão com Deus:

“Ele viveu numa época corrupta, na qual a poluição moral infestava tudo ao seu redor; não obstante preparou ele a sua mente para a devoção, para amar o que era puro. Sua conversação girava em torno das coisas do Céu. Educou a mente para seguir nesse sentido, e trazia as impressões do que era divino. Seu semblante achava-se iluminado pela luz que brilhava na face de Jesus.”²

Enoque recebeu o privilégio daqueles que fazem parte do círculo mais íntimo de Deus, que lhe deu visões sobre a glória da esperança do mundo porvir: “Quanto a estes foi que também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor entre suas santas miríades, (…)” – Judas 1:14.

Os monumentos erigidos pelos homens servem para lembrar a todos sobre os eventos mais importantes da história, e seu significado. A história de Enoque, é um monumento à esperança no fim de um ciclo biológico de nascer, crescer, reproduzir e morrer. Mas não foi assim com Enoque; ele foi levado por Deus para Seu convívio mais íntimo. Ele segue sendo um inesquecível exemplo monumental: “A vida e o caráter de Enoque, entretanto, representam aquilo que devem ser a vida e o caráter de todos, se, à semelhança de Enoque, estiverem sujeitos a ser trasladados quando Cristo vier. Sua vida foi o que pode ser a vida de cada indivíduo caso este se relacione intimamente com Deus.”³

O monumento já foi identificado e reconhecido. Agora, é só tirar uma foto, levar pra dentro da alma, postar nas redes sociais para inspirar a vida de outros, e sonhar os sonhos de Enoque. Aí está a esperança. Aí reside a certeza.

Pr. Fausto R. Farias

REFERÊNCIAS:

1. Louth, A., & Conti, M. (Eds.). (2001). Genesis 1–11 (p. 119). Downers Grove, IL: InterVarsity Press.

2. White. Vidas que Falam. p. 24.

3. White. The Signs of the Times, 30 de Outubro de 1879.